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Caso Nisman: Mais uma semana de tragédia shakespeariana em ritmo de opereta

07 sábado fev 2015

Posted by arielpalacios1 in Caso Amia, Corrupção, Kirchners, Política

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BlogCristinaCaoPinguim

Se tivesse nascido no século XX Jacques Offenbach (1819-1880) – que foi um dos emblemas da opereta, que é um tipo de ópera animada e anormal, com uma trama inverossímil e disparatada – poderia ter feito a música para um roteiro delirante de Graham Greene sob a hipotética direção de Federico Fellini sobre o intricado Caso Nisman e seus attachments políticos. O imbróglio policial-político cujo pivô é a morte desse promotor federal está causando uma crise adicional na reta final do governo da presidente Cristina Kirchner. Acima, a presidente argentina em uma imagem do vídeo no qual dirigiu-se aos argentinos para anunciar, em novembro de 2013, que havia recuperado-se de uma operação no crânio. Na ocasião dedicou dois terços do vídeo para apresentar seu cãozinho Simón. Além disso, mostrou um pinguim de pelúcia que havia recebido de presente.

blog1dedo4cBUENOS AIRES – Neste domingo completam-se três semanas do surgimento do corpo do promotor federal Alberto Nisman no banheiro de seu apartamento no bairro portenho de Puerto Madero, vestindo uma camiseta e cueca. Um tiro atrás da orelha direita, feita com uma arma calibre 22, sem apoiar na cabeça, completava o funéreo cenário. Quatro dias antes Nisman havia apresentado uma denúncia contra Cristina Kirchner, na qual indicava que a presidente argentina havia ordenado uma operação de encobrimento de altas autoridades iranianas que teriam coordenado o ataque terrorista contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em 1994 em Buenos Aires. No ataque morreram 85 pessoas e outras 300 foram feridas e mutiladas. No dia seguinte à sua morte na agenda de Nisman estava programada uma crucial visita à Camara de Deputados, onde daria mais detalhes sobre sua denúncia sobre a presidente. O tiro no parietal, 24 horas antes, impediu o pontual Nisman de comparecer.

Nas duas primeiras semanas após a defunção a investigação sobre a morte de Nisman teve tons de uma tragédia shakespeariana em ritmo de ópera bufa à base de tango. Enquanto a imprensa, a opinião pública e os partidos da oposição, da direita à esquerda real, indicavam elevada suspeita sobre um eventual assassinato o governo Kirchner insistia na tese do suicídio. Dias depois a Casa Rosada mudou o discurso drasticamente e afirmou: “não foi suicídio”.

Nesta terceira semana os acontecimentos continuaram sucedendo-se em forma tragicômica. A seguir, um brevíssimo resumo de alguns dos surrealistas frenéticos 7 dias prévios:

1 – A promotora Viviana Fein, que investiga a morte de Nisman, inesperadamente anunciou que ia tirar férias. Seus colegas indicaram que estava sofrendo pressões do governo. Um dia depois anunciou que cancelava seus planos de ir à praia e tirou da mala o maiô e o bronzeador. De quebra, deixou claro que não renunciaria.

2 – Os juízes não queriam pegar a batata-quente da denúncia de Nisman contra Cristina (ainda por cima, levando em conta que o promotor havia aparecido com um tiro na cabeça). A Justiça pediu para o juiz Ariel Lijo ficar com a missão. Mas Lijo recusou, alegando incompetência. Na sequência, a Justiça pediu para o juiz Daniel Rafecas, que também recusou. No entanto, a Câmara Federal de Justiça ordenou – categoricamente – que Rafecas pegasse o caso.

3 – Nesse intervalo, outro juiz, Claudio Bonadío, recebeu ameaças de morte. Ele não está no Caso Nisman, mas investiga a suposta lavagem de dinheiro nos hotéis de luxo que são propriedade da presidente Cristina Kirchner o sul do país.

4 – No domingo dia 1 de fevereiro o jornal Clarín havia publicado uma matéria na qual afirmava que Nisman havia preparado outro esboço de denúncia que finalmente descartou. Nesse esboço o promotor pedia a detenção da presidente Cristina e do chanceler Héctor Timerman, entre outros. Esse esboço, segundo o Clarín, estava na cesta de lixo de Nisman.

Mas, várias horas depois, o Centro de Informação Judiciária, controlado pela promotora-geral da República, Alejandra Gils Carbó, anunciou que não havia sido encontrado esboço algum com pedido de detenção.

Na 2afeira de manhã o chefe do gabinete de ministros, Jorge Capitanich, ficou famoso mundialmente ao protagonizar uma cena na qual, irritado, rasgou as páginas do Clarín, ressaltando que o jornal havia “mentido” e que os artigos sobre o esboço com o pedido de detenção da presidente era “um lixo”.

Um dia depois a promotor Fein afirmou que, na realidade, a matéria era correta: Nisman havia preparado o esboço com o pedido de detenção da presidente Cristina. Perante o vexame, o governo ficou calado.

5 – Cristina Kirchner – que havia quebrado o tornozelo no final de dezembro – voltou a aparecer em cadeira de rodas criticando a imprensa, a oposição, além de alegar “conspirações” contra seu governo.

Mas, dois dias depois, em visita oficial à China, Cristina apareceu sem cadeira de rodas, caminhando. “Lembram que fui em cadeira de rodas (à China)? Bom, graças a Deus, me recuperei e volto caminhando”, afirmou desde Beijing pelo Twitter.

O Twitter está proibido na China.

De quebra, pelo proibido Twitter a presidente Cristina recorreu a um surrado e preconceituoso clichê para gozar sobre o sotaque dos chineses quando falam outro idioma. Em vez de colocar a letra “L” em vez de “R”, Cristina indicou que mais de mil pessoas foram ao evento no qual discursou, e aí perguntava no Twitter, em referência à La Cámpora, denominação da juventude kirchnerista: “seriam todos de ‘La Cámpola’ e vieram só pelo aLoz e o petLóleo?”.

Segundo o jornalista Evan Osnos, da revista “The New Yorker”, “a presidente marcou um novo recorde em eficiência ofensiva racial: insultou um quinto da Humanidade em menos de 140 caracteres”.

6 – A notícia sobre Nisman teve impacto planetário: até a atriz americana Mia Farrow falou nas redes sociais sobre o assunto e acusou a presidente Cristina de mandar matar o promotor. A tenista Martina Navratilova também criticou Cristina por suas guinadas sobre o “suicídio/não-foi-suicídio”, afirmando que “tudo isso cheira mal”.

A presidente argentina, que nunca responde perguntas da imprensa, anunciou que responderá por carta a Farrow e Navratilova, para explicar às duas celebridades que ela não mandou matar Nisman e que tudo não passa de uma conspiração da imprensa.


Um breve interlúdio musical: da opereta “A grã-duquesa de Gérolstein”, “O trio dos conspiradores”. A obra , em três atos com música de Jacques Offenbach e libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy.

7 – Enquanto isso, a promotora Fein descobriu que as câmeras de segurança do prédio de Nisman não funcionavam.

8 – Quase três semanas após a morte de Nisman a promotora Fein ordenou à Polícia que fosse ao Banco de la Ciudad de Buenos Aires verificar o conteúdo de uma caixa-forte que o promotor morto. Mas, a caixa estava vazia.

9 – Nos próximos dias o poderoso ex-espião do serviço de inteligência da Argentina Jaime Stiuso teria que prestar depoimento sobre a morte de Nisman. Stiuso, espião preferido de Néstor Kirchner (2003-2007) tornou-se um dos novos “inimigos número 1” de sua viúva, a presidente Cristina. Há 11 anos Kirchner ordenou a Stiuso que ajudasse Nisman em suas investigações sobre o caso AMIA. O ex-espião teria falado por telefone com o promotor na véspera de sua morte.

10 – A ex-mulher de Nisman, a juíza Sandra Arroyo Salado, declarou que recebeu um dia antes da morte do ex-marido uma revista com a foto dele com uma marca, feita à mão, como se simulasse um tiro na cabeça, entre os olhos. Nenhum outro exemplar da revista possui essa marca. A interpretação: uma mensagem mafiosa do que iria ocorrer.

11 – A deputada Laura Alonso, da oposição, declarou que Nisman, dias antes de morrer, lhe disse que “a presidente Cristina ordenou tudo” em relação ao pacto com Teerã.

12 – Quase no fim da semana o jornal britânico “Financial Times” afirmou que “o governo Kirchner está assustado e talvez esconda algo”. O jornal recomenda a criação de um time de especialistas internacionais independente para investigar esta misteriosa morte. Segundo o Financial Times, “desde que Nisman foi encontrado morto em seu apartamento em Buenos Aires, fica confirmado o ditado ‘a realidade supera a ficção na Argentina’, já que ninguém inventaria uma história assim”.

BlogBorgesPunhal

O escritor Jorge Luis Borges (1899-1986) segura um punhal. Fotograma del filme “Borges: un destino sudamericano”, de Tadeo Bortnowski e José Luis di Zeo.

13 – O Caso Nisman foi o foco de um debate sobre a literatura policial noir em um evento literário em Barcelona, o “BC Negra”.

Ali a escritora argentina Claudia Piñero afirmou que “para os argentinos sempre torna-se urgente encontrar um culpado bem rápido para que todos se tranquilizem”.

É o que o escritor Ricardo Piglia chamava de “a ficção paranoica”.

A Argentina tem uma enorme tradição de literatura policial, entre os quais os autores Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares e Piglia. Mas, esta literatura tem suas peculiaridades, adaptadas à realidade nacional, segundo dizia o escritor Carlos Gamerro, com os seguintes pontos:

– O crime sempre é cometido pela Polícia;

– O propósito das investigações é ocultar a verdade;

– A missão da Justiça é acobertar a Polícia;

– As pistas e os indícios materiais nunca são confiáveis, pois a Polícia chegou primeiro;

– E o último ponto: toda pessoa acusada pela Polícia argentina é inocente.

Esta definição não é de agora. Gamerro disse isso há 10 anos.

blog1vinhetas6

E aqui, novamente, “A grã-duquesa de Gérolstein”: Felicity Lott canta “Le Sabre de mon Père”.

blog1dedo4cE, para encerrar, um pequeno guia das mortes nas tragédias de William Shakespare:

BlogTragediasShakespeare
hirschfeldfarrago3PERFIL: Ariel Palacios é desde 1996 o correspondente em Buenos Aires do canal de notícias Globo News, para o qual cobre os países da América do Sul. Ele foi o correspondente de O Estado de S.Paulo (1995-2015), da rádio CBN (1996-1997) e da rádio Eldorado (1997-2005). Foi colunista da Revista Imprensa e colabora eventualmente com o Observatório da Imprensa.

Em 2013 publicou “Os Argentinos”, pela Editora Contexto, uma espécie de “manual” sobre a Argentina. Em 2014, em parceria com o correspondente internacional Guga Chacra, escreveu “Os Hermanos e Nós”, livro sobre o futebol argentino e os mitos da “rivalidade” Brasil-Argentina.

Em 2014 recebeu o Prêmio Comunique-se de melhor correspondente brasileiro de mídia impressa no exterior.

Ariel formou-se em 1987 na Universidade Estadual de Londrina (PR) e fez o Master de Jornalismo do jornal El País (Madri) em 1993.

Comentários racistas, chauvinistas, sexistas, xenófobos ou que coloquem a sociedade de um país como superior a de outro país, não serão publicados. Tampouco serão publicados ataques pessoais aos envolvidos na preparação do blog (sequer ataques entre os leitores) nem ocuparemos espaço com observações ortográficas relativas aos comentários dos participantes. Propaganda eleitoral (ou político-partidária) e publicidade religiosa também serão eliminadas dos comentários. Não é permitido postar links de vídeos. Os comentários que não tiverem qualquer relação com o conteúdo da postagem serão eliminados. Além disso, não publicaremos palavras chulas ou expressões de baixo calão (a não ser por questões etimológicas, como background antropológico).

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“Reforma” do serviço de inteligência de Cristina Kirchner manterá todos os espiões do plantel (e um pequeno dicionário de “espionês” argentino)

03 terça-feira fev 2015

Posted by arielpalacios1 in Caso Amia, Corrupção, Política

≈ Comentários desativados em “Reforma” do serviço de inteligência de Cristina Kirchner manterá todos os espiões do plantel (e um pequeno dicionário de “espionês” argentino)

BlogEspionagemipcressfilecaineTempos de espionagem: Michael Caine como agente secreto no filme “The Ipcress File”, de 1965.

A presidente Cristina Kirchner enviou dias atrás ao Parlamento um projeto de lei para dissolver a Secretaria de Inteligência (SI) e substitui-la pela Agência Federal de Inteligência (AFI). O projeto será analisado nesta terça-feira, dia 3 de fevereiro, em uma comissão do Senado. Mas, apesar dos anúncios sobre uma “reforma” e “limpeza”, o projeto mantém os agentes de inteligência “em seus respectivos níveis, graus e categorias hierárquicas”. Além disso, por decreto, a presidente aumentou os salários desses espiões desde este domingo.

Desta forma, os funcionários do sistema de espionagem argentino, calculado entre 1.700 e 1.900 pessoas (o governo mantém segredo sobre o número de agentes), permanecerão em seus postos – entre os quais homens que ali trabalham desde os tempos da ditadura militar (1976-83) embora em um organismo com o nome e a sigla diferente, que passa de SI para AFI.

O serviço de espiões foi criado em 1946 pelo então presidente Juan Domingo Perón. O nome inicial foi Coordenação de Informações do Estado (Cide). Posteriormente o nome foi mudado para “Secretaria de Inteligência do Estado”, cuja sigla SIDE é usada até hoje pelo governo.

Com a dissolução da SI proposta por Cristina, os espiões sequer teriam o incômodo de mudar de endereço, pois permaneceriam no mesmo prédio na esquina da avenida Rivadavia e da rua 25 de Mayo, na lateral da Casa Rosada, o palácio presidencial (o edifício, chamado “Martínez de Hoz”, foi construído em 1929 pelo arquiteto racionalista Alejandro Bustillo e inaugurado em 1930).

“É só uma manobra para distrair. Não passa de uma mudança de nome que não muda nada na prática”, criticou o senador Ernesto Sanz, da União Cívica Radical (UCR), de oposição.

A “dissolução” da SI teria um único efeito concreto: a nova agência ficará sem as prerrogativas que a SI possui atualmente para os grampos telefônicos. Esta área que passaria para a Procuradoria-Geral da República, comandada por Alejandra Gils Carbó, declarada militante kirchnerista.

A reforma da espionagem, que seria cosmética e apenas restrita à SI, não implica em mudanças aos outros seis sistemas de espionagem no país: a dos serviços de espionagem das Forças Armadas, a Guarda-Marinha, a Gendarmería, a Polícia Federal, a da Secretaria de Segurança e a da Polícia de Segurança Aeroportuária.

Segundo a historiadora e jornalista Silvia Mercado, esta é a maior estrutura de espionagem da História da Argentina.

No ano passado o serviço de inteligência do Exército teve um aumento de 31,8% de seu orçamento. A Secretaria de Inteligência (SI), controlada por civis, recebeu um incremento de 16%.

Paradoxalmente, o aumento concedido por Cristina para o orçamento para os espiões militares ocorre em tempos de ausência de hipóteses de conflito.

As forças armadas argentinas – por lei, desde a volta da democracia – não podem realizar tarefas de inteligência interna. Teoricamente elas teriam que dedicar-se somente a ações para prevenir hipóteses de conflito com outros países.

Mas, o país não possui hipóteses de conflitos desde os anos 80, quando a Argentina fez os primeiros acordos com o Brasil (que levariam posteriormente ao Mercosul) e o tratado de fronteiras com o Chile, em 1984.

Segundo a oposição, os fundos para ampliar a inteligência militar foram destinados à espionagem interna, especialmente dos representantes de partidos políticos opositores, jornalistas, sindicalistas e empresários não-alinhados.

CONSPIRAÇÕES, COMPLÔS & AFINS – O objetivo, segundo Cristina, é o de eliminar uma estrutura composta por espiões que – segundo ela – estiveram “conspirando” contra seu governo e a “pátria”. A reforma do sistema de espionagem coincide com um “complô” que, de acordo com a presidente, foi feito por espiões em conjunto com o promotor federal Alberto Nisman.

Nisman, que morreu com um tiro na cabeça no 18 de janeiro, 4 dias depois de ter denunciado a presidente Cristina

A supracitada “conspiração” referia-se à denúncia feita por Nisman 4 dias antes de morrer com um tiro na cabeça, na qual indicava que a presidente Cristina teria ordenado em 2012 uma operação de encobrimento das altas autoridades iranianas que teriam planejado o ataque terrorista contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em 1994.

blog1vinheta71bPEQUENO GLOSSÁRIO DE “ESPIONÊS” ARGENTINO:

– Servicios (Serviços): Forma para referir-se aos diversos sistema de inteligência da Argentina.

– Servicio (Serviço): No singular, forma de designar um agente. Por exemplo: “Ele é um ‘servicio’”.

– Service: Forma irônica, como se estivesse falando em inglês. “Gastão? Não sabia? Mas ele é um ‘service’!”

– Servilleta: Forma mais irônica ainda. Servilleta é “guardanapo”. Mas, não tem nada a ver com esse elemento de pano ou papel para limpar a boca. É uma gíria que brinca com o termo “servicio” citando outra palavra que começa com a mesma sílaba

– Agente orgânico: Os agentes dos serviços que estão registrados no plantel oficial desses organismos de espionagem.

– Agente inorgânico: Denominação dos agentes que trabalham para os sistemas de espionagem mas sem uma relação formal. No entanto, em alguns casos os inorgânicos trabalham bem mais que os orgânicos e ficam décadas nessas funções.

– Sobre: “Sobre” é “envelope”. Os subornos e pagamentos dos serviços de inteligência a colaboradores externos (juízes, promotores, jornalistas, assessores de políticos e os mais variados profissionais, entre os quais zeladores e porteiros) são enviados em envelopes.

– Cadena de la felicidad: Rede da felicidade. O dia – ou semana – em que são distribuídos os “sobres”.

hirschfeldfarrago3PERFIL: Ariel Palacios é desde 1996 o correspondente em Buenos Aires do canal de notícias Globo News, para o qual cobre os países da América do Sul. Ele foi o correspondente de O Estado de S.Paulo (1995-2015), da rádio CBN (1996-1997) e da rádio Eldorado (1997-2005). Foi colunista da Revista Imprensa e colabora eventualmente com o Observatório da Imprensa.

Em 2013 publicou “Os Argentinos”, pela Editora Contexto, uma espécie de “manual” sobre a Argentina. Em 2014, em parceria com o correspondente internacional Guga Chacra, escreveu “Os Hermanos e Nós”, livro sobre o futebol argentino e os mitos da “rivalidade” Brasil-Argentina.

Em 2014 recebeu o Prêmio Comunique-se de melhor correspondente brasileiro de mídia impressa no exterior.

Ariel formou-se em 1987 na Universidade Estadual de Londrina (PR) e fez o Master de Jornalismo do jornal El País (Madri) em 1993.

Comentários racistas, chauvinistas, sexistas, xenófobos ou que coloquem a sociedade de um país como superior a de outro país, não serão publicados. Tampouco serão publicados ataques pessoais aos envolvidos na preparação do blog (sequer ataques entre os leitores) nem ocuparemos espaço com observações ortográficas relativas aos comentários dos participantes. Propaganda eleitoral (ou político-partidária) e publicidade religiosa também serão eliminadas dos comentários. Não é permitido postar links de vídeos. Os comentários que não tiverem qualquer relação com o conteúdo da postagem serão eliminados. Além disso, não publicaremos palavras chulas ou expressões de baixo calão (a não ser por questões etimológicas, como background antropológico).

As teorias sobre a morte do promotor Nisman (das possibilidades às mais tresloucadas conspirações)

31 sábado jan 2015

Posted by arielpalacios1 in Caso Amia, Corrupção, Política

≈ 6 Comentários

BlogPaulingQuadroNegroO Caso Nisman tem conexões e interconexões para todas os gostos possíveis. Se fossem transpostas para um quadro-negro, deixariam as anotações de Linus Pauling (acima, em foto de 1979)  no chinelo.

Desde que no fim da noite do domingo dia 18 de janeiro apareceu o primeiro tuíte do jornalista Damían Pachter informando sobre a morte do promotor federal Alberto Nisman, surgiram as mais variadas teorias sobre essa defunção, algumas das quais tresloucadas.

Nisman morreu quatro dias depois de ter denunciado a presidente Cristina Kirchner pela suposta negociação em 2012 de “um plano de impunidade e de encobrimento dos fugitivos iranianos acusados” do ataque terrorista contra a AMIA, realizado em Buenos Aires em 1994. No atentado morreram 85 pessoas. Outras 300 pessoas foram feridas e mutiladas. A Justiça argentina considera culpados do atentado o presidente do Irã na época, Ali Akbar Rafsanjani; o ex-chanceler Ali Akbar Velayati; o ex-ministro de Inteligência, Ali Fallahijan; o ex-chefe chefe da Guarda Revolucionária, Mohsen Rezai; o ex–chefe da Força Quds e ex-ministro da Defesa, Ahmad Vahidi; além de outros três diplomatas.

Além da presidente Cristina, a denúncia englobava o o chanceler Héctor Timerman, o líder piqueiteiro kirchnerista Luis D’Elia e o deputado Andrés Larroque, chefe de “La Cámpora”, denominação da juventude kirchnerista.

Aqui seguem todas as teorias que ouvi e vi:

– Nisman suicidou-se por depressão

– Nisman suicidou-se porque havia percebido que sua denúncia não tinha fundamento

– Nisman suicidou-se por motivos desconhecidos

– Nisman suicidou-se por chantagens do governo da presidente Cristina Kirchner

– Nisman suicidou-se por chantagens da oposição

– Nisman suicidou-se para colocar a culpa na presidente Cristina (uma espécie de ação similar à do advogado guatemalteco Rodrigo Rosenberg, que em 2009 – de acordo com investigações de uma comissão da ONU – ordenou a um grupo de jagunços que o assassinassem para colocar a culpa no presidente Álvaro Colom)

– Nisman foi assassinado por ordens do governo Kirchner

– Nisman foi assassinado por alguém que queria agradar a presidente Cristina Kirchner ao eliminar alguém incômodo para ela

– Nisman foi assassinado por ordens de líderes do peronismo dissidente (não existem teorias sobre eventuais ordens de outros partidos políticos, como se os únicos que pudessem ordenar um assassinato fosse algum representante das diversas facções peronistas) para complicar Cristina.

– Nisman foi assassinado pelo Grupo Clarín, considerado “inimigo mortal” pela presidente Cristina e acusado de todos os males do país pelo governo, tipo Valdemort na saga Harry Potter

– Nisman foi assassinado por espiões da Secretaria de Inteligência argentino em uma briga interna desse serviço (os mesmos espiões que foram designados pelo governo Kirchner nos últimos doze anos e que recebiam fundos cada vez maiores por parte da presidente Cristina)

– Nisman foi assassinado pela CIA (para prejudicar o governo Kirchner)

– Nisman foi assassinado pelo Irã (para eliminar uma pessoa incômoda que estava investigando a participação de Teerã no atentado da AMIA)

– Nisman foi assassinado pelo Mossad (uma manobra intrincada na qual mata-se um judeu argentino para colocar a culpa nos iranianos)

– Nisman foi assassinado pelo governo do venezuelano Nicolás Maduro (porque ele ameaçava os aliados governos da Argentina e do Irã)

– Nisman foi assassinado por um assunto passional (essa é uma versão que integrantes do governo tentaram instalar, baseados na insinuação feita pela própria presidente Cristina, indicando que Nisman e Diego Lagomarsino, seu assessor em informática, que foi a pessoa que emprestou ao promotor a arma calibre 22 que foi usada na morte 24 horas depois, eram “amigos íntimos”)

O assunto, longe (aparentemente) de se resolver a curto prazo, prometer ser um dos hit parades deste ano (um ano que, mesmo antes desta morte, prometia ser um colossal imbroglio).

blog1vinheta71bO cartunista Bernardo Erlich fez uma charge que resume o ceticismo dos argentinos sobre este sui generis caso. Ele apresenta as seguintes opões a escolher escritas em papeizinhos:

– Foi suicídio

– Não foi suicídio

– Foi suicídio induzido

– Foi morte

– Não temos a mais puta ideia

– É complicado…

Na sequencia, colocar os papeizinhos em uma caixa. Mistururar bem. E na sequência, em sorteio, retirar um papelzinho e o caso está resolvido…. BlogErlichAlternativas

hirschfeldfarrago3PERFIL: Ariel Palacios é desde 1996 o correspondente em Buenos Aires do canal de notícias Globo News, para o qual cobre os países da América do Sul. Ele foi o correspondente de O Estado de S.Paulo (1995-2015), da rádio CBN (1996-1997) e da rádio Eldorado (1997-2005). Foi colunista da Revista Imprensa e colabora eventualmente com o Observatório da Imprensa.

Em 2013 publicou “Os Argentinos”, pela Editora Contexto, uma espécie de “manual” sobre a Argentina. Em 2014, em parceria com o correspondente internacional Guga Chacra, escreveu “Os Hermanos e Nós”, livro sobre o futebol argentino e os mitos da “rivalidade” Brasil-Argentina.

Em 2014 recebeu o Prêmio Comunique-se de melhor correspondente brasileiro de mídia impressa no exterior.

Ariel formou-se em 1987 na Universidade Estadual de Londrina (PR) e fez o Master de Jornalismo do jornal El País (Madri) em 1993.

Comentários racistas, chauvinistas, sexistas, xenófobos ou que coloquem a sociedade de um país como superior a de outro país, não serão publicados. Tampouco serão publicados ataques pessoais aos envolvidos na preparação do blog (sequer ataques entre os leitores) nem ocuparemos espaço com observações ortográficas relativas aos comentários dos participantes. Propaganda eleitoral (ou político-partidária) e publicidade religiosa também serão eliminadas dos comentários. Não é permitido postar links de vídeos. Os comentários que não tiverem qualquer relação com o conteúdo da postagem serão eliminados. Além disso, não publicaremos palavras chulas ou expressões de baixo calão (a não ser por questões etimológicas, como background antropológico).

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